Enquanto há tempo
Sobre uma das melhores coisas que você pode fazer da sua vida
Na última semana recebi uma notícia que muda minha vida. Meu trabalho, que antes era prioritariamente remoto, se tornará presencial ano que vem e diante disso, devo me mudar de cidade.
Eu sabia que isso poderia acontecer e, de certa forma, já esperava. Mas ao mesmo tempo existia um pingo de esperança de que não precisasse.
Já imaginava minha vida do futuro inteira onde estou agora e tinha uma sensação de “dever cumprido” quando se tratava de minha carreira. Agora, só me restaria curtir os anos que me faltariam até a aposentadoria, realizando alguns projetos que tinha de forma paralela.
Diante disso, o texto que escrevo hoje não é sobre a minha possível mudança, mas sobre uma das coisas que faz parte desse “grande” projeto paralelo: livros.
Se você já é uma leitora recorrente, lembra quando escrevi sobre como medir a vida em semanas. E pensando que eu, “estatisticamente”, cheguei na metade da minha vida, elaborei alguns planos para viver plenamente essa outra metade.
Um desses planos é ler muitos livros.
Não que a quantidade importe, mas os livros podem se tornar uma das últimas lembranças de como é a tradução do pensamento em linguagem. Os avanços tecnológicos da inteligência artificial não vão parar e a forma como consumimos conteúdo escrito não será mais a mesma.
Ao mesmo tempo, existem obras literárias que perduram. Foram escritas há muito tempo e continuam sendo uma peça importante na construção do pensamento social.
Felizmente, a mudança que farei não impactará nesse pilar do meu planejamento de contemplação do que me resta da vida.
Aprendi a ler em movimento quando fiz meu doutorado. Por muitas vezes precisei escrever e ler em movimento durante minhas viagens. Dessa forma, se eu precisar utilizar o metrô, farei desse tempo meu espaço para ler.
Ler tem sido meu espaço para fugir das redes sociais também.
Já comentei diversas vezes como os algoritmos das redes sociais são desenvolvidos para prender nossa atenção, e me espanta pensar que eu poderia estar lendo algo interessante no lugar de ficar rolando a tela do feed.
Ler um livro não gasta muito tempo. A diferença é que os gatilhos dopaminérgicos de um livro e do celular são muito diferentes. Assim como ter disciplina para ir à academia. Os efeitos satisfatórios acontecem no longo prazo e na consistência. Enquanto que o celular te entrega aquilo que te deixa satisfeito em cada acesso ao Instagram ou Tik Tok.
Não pense que estou criando um valor moral sobre usar as redes sociais, porque eu não consigo deixar de usá-las também. E ainda, o objetivo de ler também é buscar satisfação. Acredito que nos livros ela seja mais duradoura.
Na semana que passou eu li um livro do José de Alencar chamado, Cinco Minutos. Uma história de uma paixão estarrecedora, mas diferente de Noites Brancas do Dostoievski. Mesmo depois de dias em que terminei a leitura, ainda penso nos detalhes da história e na maestria do autor em escrever tal obra prima.
Os efeitos positivos das palavras de uma história bem contada são muito mais duradouros do que um post, ou um vídeo curto.
Fortalecendo o meu argumento, ler me dá um arcabouço maior para escrever meus próprios textos. Qualquer coisa que eu poderia dizer em poucas palavras pode se tornar um texto completo, simplesmente por introduzir ganchos com diversos assuntos que surgem como átomos a serem conectados em minha cabeça.
Quando leio consigo fugir do mundo existente. Minha imaginação precisa se esforçar para criar a narrativa das histórias, as feições dos personagens e a memória precisa estar ativa para não perder o fio da meada.
É um exercício intelectual prazeroso.
Com meus novos planos e pela natureza do meu trabalho, preciso voltar a ter minha mente mais “afiada” para conteúdos e conceitos complexos. E nada melhor do que ficar em forma fazendo coisas prazerosas, não é verdade?
Mas é isso, minhas amigas queridas do meu coração.
Recomendações
Para quem não tem o costume de ler, vou deixar alguns livros como recomendação. São livros fáceis, relativamente curtos e que podem te fazer entender o que significa o prazer da leitura.
Outra coisa, tenha amizades que gostam de livros. Infelizmente não consigo conversar tanto com minhas amigas que lêem, mas agradeço as recomendações, de verdade, e sempre que me sugerem eu coloco na fila.
O Alquimista - Paulo Coelho
Cinco Minuntos - José de Alencar
Tudo é Rio - Carla Madeira
Se você quiser recomendar mais algum livro para quem não tem o costume de ler, deixe nos comentários.
Um abraço!



